Veja o que o Presidente do Banco Central falou sobre a Inflação

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, avaliou nesta quarta-feira que a alta recente da inflação é temporária, minimizando a duração de todas as frentes de pressão identificadas para o avanço de preços na economia, mas frisou estar “obviamente” monitorando o movimento.

Em entrevista ao canal do YouTube Me Poupe, reiterou que a inflação está sendo influenciada pela elevação do dólar frente ao real, mas ponderou que essa contaminação é pouco expressiva quando retirada a influência exercida sobre combustíveis.

Como outras justificativas para a aceleração da inflação ele citou o gasto pelos brasileiros de parte da poupança circunstancial com alimentação a domicílio e o aumento no preço de produtos consumidos por pessoas que tiveram forte recomposição de renda com o auxílio emergencial.

Campos Neto reconheceu que há ainda um tema ligado à alta das commodities alimentícias, com outros países do mundo também vivenciando a mesma experiência, decorrente de uma demanda maior por alimentos na Ásia.

De acordo com ele, essa situação tende a normalizar, já que as safras previstas para março são maiores, então o preço de alimentos deve voltar, por isso afirma que a inflação é temporária. 

Em relação à escalada dos temores fiscais, Campos Neto voltou a fazer alertas sobre o que poderia acontecer caso o país rumasse para elevação desenfreada das despesas públicas, sem cuidado com a sustentabilidade das contas públicas.

Questionado se o Pix, sistema de pagamentos instantâneos do BC que entrará em funcionamento pleno no dia 16, representará o fim das maquininhas de pagamento, ele afirmou ser cedo para dizer o que é o fim e o que é o começo, argumentando que o mercado de pagamentos é muito amplo e que ainda há grande bancarização a ser feita no país.

Campos Neto disse acreditar que o Pix vai se expandir rapidamente pelo fato de ser barato e rápido, mas que outras formas de pagamento vão conviver. Na visão do presidente do BC, o cartão de débito deverá ser mais substituído pelo Pix, ao passo que o cartão de crédito seguirá com sua função em outros termos.

“O mercado vai se desenvolvendo. O Pix vai ter novas funções, outras coisas vão aparecer e vão ter novas funções. A gente tem, por exemplo, o Whatsapp começando agora com o P2P, que é uma coisa separada, que não está no Pix. A gente tem o Google, que quer entrar no Brasil, e quer fazer pagamento no Brasil também”, disse Campos Neto.

A declaração vem após encontros recentes de Campos Neto com executivos do WhatsApp. A gigante de tecnologia ainda aguarda aval formal do BC para prosseguir com a oferta no país da possibilidade de pagamento por meio do aplicativo.

Após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter feito associação em falas recentes entre o Pix e um eventual imposto sobre transações, nos moldes da extinta CPMF, o presidente do BC afirmou que o sistema de pagamentos instantâneos não tem nada a ver com o imposto.