Dólar amplia alta contra real de olho no exterior e à espera do Copom

Há uma expectativa em relação ao pacote de 1 trilhão nos Estados Unidos, mas as negociações estão complicadas.

O dólar acelerou a alta contra o real a mais de 2% nesta segunda-feira, superando os 5,33 reais em início de semana marcado pelo foco no aumento de casos de coronavírus e nas negociações de um pacote de auxílio econômico nos Estados Unidos, enquanto investidores aguardavam a decisão de política monetária do Banco Central do Brasil.

Às 12h20, o dólar avançava 2,05%, a 5,3257 reais na venda. Na máxima do dia, o dólar tocou 5,3371 reais, salto de 2,27%, depois de checar a cair 0,12% na mínima atingida logo no começo da sessão.

O dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 1,87%, a 5,3275 reais.

Um impasse no Congresso norte-americano causado por divergências entre republicanos e democratas sobre o tamanho de um pacote de auxílio preocupava investidores de todo o mundo, uma vez que dados sugerem que a economia dos Estados Unidos está perdendo fôlego e segue ameaçada pela alta nos casos de coronavírus no país.

Além disso, em meio à deterioração das finanças públicas do país e à ausência de um plano crível de consolidação fiscal, a agência de classificação de risco Fitch reduziu na sexta-feira, após o fechamento dos mercados, a perspectiva para o rating dos Estados Unidos de “estável” para “negativa”.

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O mercado está olhando muito lá para fora. Há uma expectativa em relação ao pacote de 1 trilhão nos Estados Unidos, mas as negociações estão complicadas. Isso, junto com o aumento de casos de coronavírus acaba gerando apreensão e, consequentemente, aversão a risco

No exterior, diante desse cenário, o dólar era ganhador contra uma cesta de moedas fortes e também diante de pares arriscados do real, como lira turca, peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano.

Enquanto isso, no Brasil, as expectativas giravam em torno da decisão de política monetária do Copom, que será anunciada na quarta-feira ao fim de uma reunião de dois dias, com boa parte dos mercados esperando mais um corte residual da taxa Selic, para nova mínima histórica de 2%, de 2,25% atualmente.

Muitos analistas citam o ambiente de juros baixos como um dos principais fatores para a disparada do dólar em 2020, uma vez que os cortes nas taxas reduzem rendimentos locais atrelados à Selic, prejudicando o cenário para investimento estrangeiro em carteira e, consequentemente, o fluxo cambial.

Em nota, Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO Corretora, disse que “o câmbio sofre da impertinente volatilidade que prejudica os negócios e ainda é significativa, embora já tenha sido maior, e que é atribuída ao ‘juro baixo’, o novo normal no Brasil (…)”.

O Banco Central fez nesta segunda-feira leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em novembro de 2020 e março de 2021, em que vendeu o total da oferta.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista havia registrado alta de 1,15%, a 5,2185 reais na venda.