As semelhanças e diferenças das ações de tecnologia e a bolha de 2000

Mesmo com os recentes mergulhos recordes no área da correção, as especulações que vem sendo feitas sobre as ações de tecnologia nos levam a pensar que estamos nos deparando com uma outra bolha de tecnologia, como a de 2000, pela rapidez e proporção as quais as ações desta vertente vem subindo. 

Liderados pelo especialista Toni Sacconaghi, a empresa Alliance Bernstein listou as semelhanças, bem como as diferenças, das ações que de 2000 e as da atualidade, em recente pesquisa. 

Vejamos a lista elaborada: 

1 – Sobre a Ponderação

O mercado total do S&P é composto por 29% das 10 principais ações de tecnologia, comprovando o peso dessa vertente. Sendo certo que quanto mais os investidores aumentam as ofertas, ainda maior fica este peso. 

2 – A atuação

Nesse sentido, os especialistas observaram que essas ações se mantém superiores ao desempenho do mercado geral pelo período consecutivo de oito anos. À exemplo de grandes nomes como Tesla, Apple ou Microsoft, vemos um aumento de 170% em média no ano de 2019. 

4- Investidores de varejo

Bem como o que ocorreu em 1998-2000, no período em que o comércio online proliferou, ocorre agora com o grande aumento na atividade de investidor de varejo, diretamente estimulado por plataformas de livre comércio, à exemplo da Robinhood. 

5 – As diferenças: 

Porém, existe uma grande diferença entre o período atual e a bolha de 2000, as avaliações não são tão extremas quanto em 2000.

Segundo os analistas liderados por Sacconaghi: “a magnitude do aumento e as avaliações da tecnologia hoje permanecem notavelmente abaixo dos níveis da bolha de 2.000”, já que “a valorização da tecnologia foi muito mais pronunciada na bolha”. 

Em análise comparativa, no entanto, observa-se que o Nasdaq de alta tecnologia valorizou 43% ao ano nos sete anos antes do estouro da bolha de tecnologia, em 2000 (e colossais 288% no ano final). Enquanto no período 2013-2020 o índice valorizou uma média de 23%, via taxa composta de crescimento anual (CAGR). Concluindo-se que embora as avaliações estejam, de fato, muito elevadas, estão longe dos níveis do pico da bolha. 

A análise da empresa mostra que, em termos absolutos, as ações de tecnologia em 2000 estavam sendo negociadas a 45,8 vezes o preço, enquanto a tecnologia em setembro de 2020 está sendo negociada a cerca de 26,9 vezes.

Enquanto isso, o índice de tecnologia com peso máximo foi negociado a 53 vezes os lucros futuros em março de 2000, em comparação com 34 vezes os lucros futuros hoje, enquanto as avaliações do fluxo de caixa livre foram “ainda mais extremas”, observa a empresa, em 118 vezes em 2000 contra 31 vezes hoje.

A principal razão para a diferença entre 2000 e 2020 é que as empresas de hoje de fato possuem receitas e lucros, não estando apenas negociando com base em vapores ou expectativas, assim, a análise comparativa se torna um pouco mais complexa. 

Por fim, conclui-se que com as ações de tecnologia tendo passado por um aumento tórrido, sua supremacia atual pode estar em terreno instável. Principalmente se os lucros em tecnologia se mostrarem fracos, pois isso chamará de os investidores de volta as ações cíclicas e de valor que ficaram para trás esse ano. 

Ainda assim, as tendências dependentes de tecnologia não desaparecerão tão cedo, o que demonstra que os touros da tecnologia seguem e seguirão se defendendo.